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sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Sapateiro: profissão esquecida que ainda se mantém viva

Eraldo Alves está há 31 anos na profissão
O sapato deixou de ser usado como apenas proteção para os pés. É comum encontrar pessoas, principalmente mulheres, com centenas de pares de sapatos. Hoje eles ditam moda, estilo e muitas pessoas têm hábito de comprar sapatos. Os modelos novos são comuns nas novas gerações, mas sempre existe quem quer fazer aquele ajuste, tirar o salto alto demais, ou simplesmente precisa reparar o sapato de estimação. Para essas pessoas existe o sapateiro.



Becman se diz feliz na profissão
Em Redenção, Eraldo Alves trabalha há 31 anos na profissão de sapateiro, 25 deles no mesmo endereço, na Avenida Santa Tereza, na Sapataria Redenção, mas garante que a profissão não é tão rentável como no passado. No começo, em 1982, conta Alves que dezenas de pares de botas, por exemplo, eram fabricados por mês, em sua maioria, para peões de fazendas, ao custo de R$ 5. Hoje, um calçado deste tipo custa R$ 70. A produção, por sua vez, caiu em torno de 60%, enquanto que os concertos aumentaram nesta mesma proporção. "À época, a matéria-prima – couro – era muito difícil, teria que vir de Goiânia”, diz.

Segundo Alves, sua sapataria ainda fabrica calçados, mas no momento vive basicamente de concertos e 80% de sua clientela é de mulheres. “As mulheres são mais apegadas ao calçado e sempre preferem retocá-lo, quando ainda há condições de uso”, afirma.

Ainda segundo Alves, existem hoje em Redenção apenas quatro sapateiros que permanecem na profissão sendo que os demais tomaram outros rumos. “Costumo dizer que eu o Adelson de Souza Becman, que há 35 anos trabalha neste ramo, somos os últimos moicanos, quero dizer, os que persistem como sapateiros. Ninguém quer aprender a profissão de sapateiro e assim ela acabará sendo extinta”, considera.

A profissão de sapateiro, há tempos, já não é mais a principal fonte de renda de Eraldo Alves. Ele é professor pós-graduado em matemática e há 20 anos leciona em escolas de Redenção, ou seja, concilia as duas profissões. “Canso como professor e descanso como sapateiro”, revela. Já seu colega Adelson Becman diz que não tem outra profissão, portanto, se mantém como sapateiro. “Ganho o suficiente para sobreviver”, garante.(João Lopes - Nosso Jornal)